HOJE, FESTA DO BATISMO DO
SENHOR, O PAPA BENTO XVI
BATIZOU 20 CRIANÇAS NA
CAPELA SISTINA
Leia a segunda parte da homilia do
Santo Padre
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parte? Clique aqui.
Queridos irmãos e irmãs, o que
acontece no Batismo que daqui a pouco administrarei às vossas crianças? Acontece
propriamente isto: serão unidos de modo profundo e para sempre com Jesus,
imersos no mistério deste seu poder, isto é, no mistério da sua morte, que é
fonte de vida, para participar da sua ressurreição, para renascer a uma vida
nova. Então o prodígio que hoje se repete também para as vossas crianças:
recebendo o Batismo, esses renascem como filhos de Deus, participantes da
relação filial que Jesus tem com o Pai, capaz de dirigir-se a Deus chamando-O
com plena segurança e confiança: “Abbá, Pai”. Também sobre as vossas
crianças o céu está aberto, e Deus diz: estes são os meus filhos, filhos da
minha complacência. Inseridos nesta relação e libertados do pecado original,
esses se tornam membros vivos do único corpo que é a Igreja e são capazes de viver
em plenitude a sua vocação à santidade, de forma que possa herdar a vida
eterna, obtida a partir da ressurreição de Jesus.
Queridos pais, no solicitar o
Batismo para os vossos filhos, vós manifestais e testemunhais a vossa fé, a
alegria de ser cristãos e de pertencer à Igreja. É a alegria que vem da
consciência de ter recebido um grande presente de Deus, a fé precisamente, um
presente que nenhum de nós pôde merecer, mas que nos foi dado gratuitamente e
ao qual respondemos com o nosso “sim”. É a alegria de reconhecer-nos filhos de
Deus, de descobrir-nos confiados às suas mãos, de sentir-nos acolhidos em um
abraço de amor, do mesmo modo que uma mãe apoia e abraça o seu filho. Esta
alegria, que orienta o caminho de cada cristão, é baseada em um relacionamento pessoal
com Jesus, um relacionamento que orienta toda a existência humana. É Ele de
fato o sentido da nossa vida, Aquele sobre o qual vale a pena ter fixo o olhar,
para ser iluminados pela sua Verdade e poder viver em plenitude. O caminho
de fé que hoje começa para estas crianças se baseia por isso em uma certeza,
sobre a experiência de que não há nada maior que conhecer Cristo e comunicar
aos outros a amizade com Ele; somente nesta amizade revela-se verdadeiramente o
grande potencial da condição humana e podemos experimentar isso que é belo e
que liberta (crf Homilia na Santa Missa pelo início do pontificado, 24 de abril
de 2005). Quem fez esta experiência não está disposto a renunciar à própria fé
por nada neste mundo.
A vós, queridos padrinhos e madrinhas,
a importante tarefa de apoiar e ajudar o trabalho educativo dos pais, estando
ao lado deles na transmissão da verdade da fé e no testemunho dos valores do
Evangelho, no fazer crescer estas crianças em uma amizade sempre mais profunda
com o Senhor. Saibam sempre oferecer a elas o vosso bom exemplo, através do
exercício das virtudes cristãs. Não é fácil manifestar abertamente e sem
compromissos isso em que se crê, especialmente no contexto em que vivemos,
diante de uma sociedade que considera sempre fora de moda e fora de tempo
aqueles que vivem da fé em Jesus. Na esteira dessa mentalidade, pode estar
também entre os cristãos o risco de entender o relacionamento com Jesus como
limitante, como algo que mortifica a própria realização pessoal; “Deus é visto
como o limite da nossa liberdade, um limite a eliminar a fim de que o homem
possa ser totalmente ele mesmo” (A infância de Jesus, 101). Mas não é assim!
Esta visão mostra não ter entendido nada do relacionamento com Deus, porque
propriamente mão a mão que se procede no caminho da fé, se compreende como
Jesus exerce sobre nós a ação libertante do amor de Deus, que nos faz sair do
nosso egoísmo, de ser transformados em nós mesmos, para nos conduzir a uma vida
plena, em comunhão com Deus e aberta aos outros. “ “Deus é amor; quem permanece
no amor permanece em Deus e Deus permanece nele” (1 Jo 4, 16). Estas palavras
da Primeira Carta de João exprimem com singular clareza o centro da fé cristã:
a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho”
(Enc. Deus caritas est, 1).
A água com a qual estas crianças
serão marcadas em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo as imergirá
naquela “fonte” de vida que é o próprio Deus e que as tornará seus verdadeiros
filhos. E a semente das virtudes teologais, infundida por Deus, a fé, a
esperança e a caridade, sementes que hoje são colocadas no coração delas pelo
poder do Espírito Santo, deverão ser alimentadas sempre pela Palavra de Deus e
pelos Sacramentos, de forma que estas virtudes do cristão possam crescer e
atingir a plena maturidade, para fazer de cada uma delas um verdadeiro
testemunho do Senhor. Enquanto invocamos sobre estes pequenos o
derramamento do Espírito Santo, os confiamos à proteção da Virgem Santa; ela os
proteja sempre com a sua materna presença e os acompanhe em cada momento das
suas vidas. Amém.
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