Setenta prêmios individuais, incluindo duas bolas de Ouro e
um Fifa World Player, uma série de troféus levantados com as camisetas do
Sporting Lisboa, Manchester United e Real Madrid. E, novamente, uma enorme
quantidade de recordes que requer uma boa dose de paciência para aqueles que
querem ler todos, assim como dois dos mais altos prêmios concedidos pelo Estado
de Portugal. Porém, um pequeno grande mérito para estes prêmios é devido a um
desconhecido médico Português. Pequeno como o corpinho ainda frágil e indefeso
que cresce dia a dia no ventre de uma mulher, grande como o gesto nobre de quem
realiza com profissionalismo e fé o próprio trabalho e consegue, assim, salvar
uma vida humana do aborto.
No já
distante 1984, a
vida que este homem salvou foi a de Cristiano Ronaldo, um dos jogadores mais
fortes e prolíficos em termos de gols realizados nos últimos anos. Foi a
própria mãe do eixo do Real Madrid e da Seleção portuguesa que revelou a
história que está nos bastidores na autobiografia, Mãe Coragem, publicada dia
18/07/2014 em Portugal. A
mulher, cujo nome é Dolores Aveiro, diz em uma das passagens mais comoventes do
livro a sua situação, quando ela descobriu que estava grávida daquela criança
que mais tarde se tornaria o famoso Cristiano Ronaldo.
"Naquela
época, eu já tinha 30 anos e três filhos, não parecia apropriado lidar com um
novo nascimento e ampliar a família, então procurei um médico, que, porém, se
recusou a fazer a cirurgia", explica. Passava por um tempo bem sombrio na
sua casa, dar de comer aos filhos Hugo, Elma e Cátia Liliana, a cada dia, era
um desafio cada vez mais difícil com um marido, José Diniz, desempregado
(morreu em 2005 devido ao álcool) e com as poupanças reduzidas a nada.
Mas a
relutância e a tentativa de desencorajá-la do aborto, por parte do médico, não
tiraram as suas intenções, que mesmo assim tentou interromper a gravidez com um
“remédio caseiro” sugerido por uma amiga: “Me disse para beber cerveja escura e
quente. Assim a criança teria morrido”.
A
cerveja, no entanto, não conseguiu parar a energia vital daquele coração
batendo no ventre de Dolores. Depois de algumas horas de tomar a bebida
potencialmente assassina, na parte inferior do abdômen continuava a reinar a
paz. Sinal da ineficácia do "remédio caseiro". Pouco a pouco, a
mulher - já acostumada ao aleitamento, às fraldas e choros noturnos – decidiu
ter também o quarto filho. “Se a vontade de Deus é que esta criança nasça,
assim seja”, foi o seu pensamento mais íntimo.
No dia
5 de fevereiro de 1985 em uma cidade das Ilhas Selvagens, um pequeno
arquipélago do Oceano Atlântico mais perto das costas africanas do que das
portuguesas, nasceu Cristiano Ronaldo. Uma criança forte e saudável, veio à luz
em uma cidade anônima e que teria se tornado famoso em todo o mundo devido ao
seu talento futebolístico único.
Um
bastidor muito delicado, que a mãe decidiu publicar com a permissão prévia de
seu filho Cristiano, o qual, hoje, ainda tem a força de fazer piada do tema:
“Viu, mãe, você queria me abortar e agora sou eu que controlo as finanças em
casa”. E pensar que a tentação de interromper a gravidez surgiu das suas
dificuldades econômicas. Se aquele médico não tivesse permanecido fiel ao seu
juramento e, portanto, firme em sua oposição sobre o aborto, hoje o mundo do
futebol teria uma grande estrela a menos no seu firmamento. E o firmamento – se
sabe – para observá-lo temos que olhar para cima. É por isso que a objeção de
consciência é sempre um gesto dirigido para cima.
Fonte: ZENIT
(Agência Internacional Católica de Notícias)