"O
amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção aos detalhes de cada dia que
fazem com que a vida tenha sempre sabor de casa". Com um forte apelo para
nos abrirmos “aos milagres de amor”, que superam o “amor mesquinho e
desconfiado, fechado em si mesmo”, e à realização dos pequenos gestos
cotidianos de amor, o Papa Francisco presidiu a missa conclusiva do VIII
Encontro Mundial das Famílias e também desta que foi sua 10ª viagem apostólica
internacional.
Diante de
milhares de fieis reunidos no Parque Benjamim Franklin, na Filadélfia, e
inspirado na “linguagem alegórica forte” que nos interpela e nas “imagens
vigorosas que questionam as nossas reflexões”, propostas pelas leituras do dia,
o Santo Padre chamou a atenção para a hostilidade das pessoas que não aceitavam
aquilo que Jesus fazia e dizia. Para elas “a abertura de Jesus à fé honesta e
sincera de muitas pessoas, que não faziam parte do povo eleito de Deus, parecia
intolerável”. Mas a liberdade com que Deus agia - “ultrapassando a burocracia,
o oficial e os círculos restritos” - levava ao risco de escandalizar mesmo os
discípulos que agiam de boa fé ao tentar proteger as regras - pois “ameaça a
autenticidade da fé e por isto deve ser vigorosamente rejeitada”.
Para Jesus,
no entanto, “o escândalo intolerável, consiste em tudo aquilo que destrói e
corrompe a nossa confiança no modo de agir do Espírito”. “Deus, nosso Pai –
disse o Papa – não se deixa vencer em generosidade" e “semeia a sua
presença no mundo”, “somos procurados por ele, ele está à nossa espera. É esta
confiança que leva o discípulo a estimular, acompanhar e fazer crescer todas as
boas iniciativas que existem ao seu redor”:
“Deus quer
que todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho. Não ponhais
obstáculo ao que é bom – diz Jesus –, antes pelo contrário, ajudai-o a crescer.
Pôr em dúvida a obra do Espírito, dar a impressão de que a mesma não tem nada a
ver com aqueles que não são «do nosso grupo», que não são «como nós», é uma
tentação perigosa. Não só bloqueia a conversão à fé, mas constitui uma
perversão da fé”.
O Papa
reitera que a fé “abre a janela à presença operante do Espírito e demonstra-nos
que a santidade, tal como a felicidade, está sempre ligada aos pequenos
gestos”:
“São gestos
mínimos, que uma pessoa aprende em casa; gestos de família que se perdem no
anonimato da vida diária, mas que fazem cada dia diferente do outro. São gestos
de mãe, de avó, de pai, de avô, de filho. São gestos de ternura, de afeto, de
compaixão. Gestos como o prato quente de quem espera para jantar, como o café
da manhã de quem sabe acompanhar o levantar na alvorada. São gestos familiares.
É a bênção antes de dormir, e o abraço ao regressar duma jornada de trabalho. O
amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção aos detalhes de cada dia que fazem
com que a vida tenha sempre sabor de casa”.